Os escaravelhos
com inscrições gravadas na sua carapaça, ou objetos com forma de escaravelhos, constituíam amuletos muito populares no Antigo Egito. Na mitologia egípcia, o escaravelho sagrado estava relacionado com deus Khefri, responsável pelo movimento do sol, arrastando-o pelo horizonte; no crepúsculo, o sol (ou o deus Rá) morria, e ia para o outro mundo (representado pelo oeste); depois, o escaravelho renovava o sol no amanhecer. Khefri muitas vezes é representado como um escaravelho, ou como um homem com cabeça de escaravelho. Da mesma forma, os escaravelhos-do-esterco, da família Scarabaeidae, ao fazerem bolas de excrementos de que se alimentam e onde depositam os seus ovos que darão origem a larvas que também aí se alimentarão e desenvolverão, eram vistos como um símbolo terreno do ciclo solar. Tornaram-se, assim, símbolos iconográficos e ideológicos incorporados na sociedade do Antigo Egito. A inscrição do nome do rei em escaravelhos, ao associar o carácter sagrado do cargo do faraó ao simbolismo sacro destes animais, foi determinante para o estabelecimento das listas destes reis já que, em alguns casos, constituem a única prova documental da sua existência."
Ou seja, simbolizava de maneira pública exatamente os ciclos da reencarnação dentre outras coisas. Mas no modo esotérico ou secreto, simbolizava uma arte secreta que posteriormente seria denominada de alquimia. O besouro era em si mesmo o símbolo máximo do alquimista. Isso era muito comum no antigo mundo, e acreditem, ainda no mundo moderno é. Os iniciados sob um símbolo simples e muitas vezes medonho ou nojento, representavam seus ensinamentos mais secretos.
O besouro quando saía em busca de sua bola de esterco representava a busca pela pedra filosofal. Ele tem muitos obstáculos, como ser perseguido por seus predadores, sofre com o tempo turbulento, tempestades de areia, dentre outras coisas. Muitos olhariam o tal besourinho como louco. Alguns diriam:
-"Ah ,tá. Tudo isso por uma bola de esterco? Como pode?"
Poucos ficariam deslumbrados com o rico besourinho, que da matéria bruta ou matéria-prima tira a vida. Dali mesmo nasce algo tão belo e formoso como a vida e, inclusive, se atribuía isso ao sol, que era o símbolo mais alto de pureza. Como o Lótus. O lótus é sagrado, porque sua flor é uma das mais belas e seu aroma delicioso, mas diante do lodo e da lama surge algo sublime, como o lótus. Puro, belo, perfeito e paira imune, intacto a toda sujeira embaixo dele.
O iniciado se transformava no besouro e iniciava sua busca por sua bola de esterco. Deveria ficar atento, não deixar se seduzir pelas coisas mundanas e profanas. Esquecendo que sua matéria-prima jaz no objeto mais vil à visão e ao olfato, esterco. Alguns acreditam que seria tosco demais algo tão poderoso quanto a pedra filosofal residir dentro de algo aparentemente tão tosco. E saem em busca errada, divagando em outras escolas e doutrinas, alegando que precisam de riquezas, coisas caras, objetos raros. Alguns magos gastam fortunas confeccionando suas espadas acreditando que pelo muito gastar farão dela um instrumento habilidoso na arte. Outros passam a se iludir acreditando que podem acessar o SER através de um livro sagrado e de nenhum outro lugar mais. Outros passam a enxergar as dificuldades que seriam nosso esterco como algo maligno, do diabo, perverso, um verdadeiro castigo de Deus, perdendo assim a rara oportunidade de aprender e evoluir, percebendo a vida, a beleza do lótus, do escaravelho.