A verdadeira história de São Cosme e São Damião
Os gêmeos árabes Cosme e Damião eram filhos de uma nobre família de cristãos. Nasceram por volta do ano 260 dC, na região da Arábia, e viveram na Ásia Menor. Desde muito jovens, ambos manifestaram um grande talento para a medicina, profissão à qual se dedicaram após estudarem e se diplomarem na Síria.
Tornaram-se profissionais competentes e dignos, e foram trabalhar como médicos e missionários na Egéia. Amavam a Cristo com fervor, e decidiram atrair pessoas ao Senhor através de seu serviço. Por isso, não cobravam pelas consultas e atendimentos que prestavam, e por esse motivo eram chamados de "anárgiros", que significa algo como “inimigos do dinheiro" ou quem "não pode ser comprado pelo dinheiro".
A riqueza que almejavam era fazer de sua arte médica também o seu apostolado para a conversão dos povos: uma missão que, a cada dia, cumpriam cada vez melhor. Seus corações ardiam por salvar as almas, e nisto se envolveram através da prática da medicina. Inspirados por Deus, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos, confiando sempre no poder da oração, e assim operaram verdadeiros milagres, Curando muitos doentes em nome do Cristo Jesus, vários destes já à beira da morte.
Também preocupavam-se em curar animais, pois sabiam que “toda a criação aguarda, com ardente expectativa, pela manifestação da Glória de Deus em Seus filhos”
Manifestaram autoridade do Alto, pregando o Evangelho com sinais e prodígios. Sua linguagem e sua pregação, conformes às Escrituras “não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de Poder”. De tal forma, conseguiram plantar a semente da Salvação em muitos corações, colhendo inúmeras conversões ao Senhor Jesus. Cosme e Damião possuíam uma revelação clara do chamado que tinham como ministros do Evangelho, chamado que cumpriam no cotidiano de sua rotina profissional, ministrando Cristo através de seu trabalho.
Porém, as atividades cristãs dos médicos gêmeos chamaram a atenção das autoridades locais da época, quando o Imperador romano Diocleciano autorizou a perseguição aos cristãos, por volta do ano 300. Diocleciano odiava os cristãos porque eram fiéis a Cristo, e não adoravam ídolos ou estátuas de deuses pagãos, consideradas sagradas pelo Império Romano.
E assim, por pregarem o cristianismo, Cosme e Damião foram presos, levados a tribunal e acusados de se entregarem à prática de feitiçarias e de usar meios diabólicos para disfarçar as curas que realizavam. Ao serem questionados quanto às suas atividades, eles responderam: "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo, pela força do seu Poder".
Conheciam eles os princípios da fé cristã desde a infância, e por isso recusaram-se a adorar os deuses pagãos, apesar de todas as graves ameaças de terríveis castigados. Diante do governador Lísias, ousaram declarar que aqueles falsos deuses não tinham poder algum sobre eles, e que só adorariam o Deus Único, Criador do Céu e da Terra. Mantiveram a Palavra do testemunho de Cristo, impressionando a todos por seu Amor e sua entrega a Nosso Senhor Jesus.
Não renunciaram aos Mandamentos de Deus, e por isso sofreram tenebrosas torturas. Mesmo cruelmente torturados, porém, não se deixaram abalar em sua convicção e jamais negaram a fé. No ano 303, o Imperador decretou que fossem condenados à morte, na Egéia. Os dois irmãos foram postos, então, diante de um paredão, para que quatro soldados os atravessassem com flechas, mas consta que resistiram às flechadas e também pedradas. Os militares foram assim obrigados a recorrer à espada para a decapitação, considerada uma honra reservada somente aos cidadãos romanos. Dessa maneira é que Cosme e Damião foram martirizados.
Dois séculos após suas mortes, por volta do ano 530, o Imperador Justiniano deu ordens para que se construísse, em Constantinopla, uma grandiosa igreja em honra de Cosme e Damião. A fama dos gêmeos também correu no Ocidente, a partir de Roma, e uma basílica foi dedicada a eles, construída a pedido do Papa Félix IV, entre os anos 526 e 530. A solenidade de consagração da Basílica ocorreu num dia 26 de setembro, data em que os santos gêmeos são festejados pela Igreja Católica.
Os nomes de Cosme e Damião são pronunciados inúmeras vezes, todos os dias, no mundo inteiro. Até hoje, os gêmeos são cultuados em toda a Europa, especialmente na Itália, França, Espanha e Portugal. Além disso, são venerados como padroeiros dos médicos e farmacêuticos. Devido à sua simplicidade e inocência, também são invocados como protetores das crianças.
Aqui no Brasil, a veneração autêntica uniU-se à feitiçaria. A devoção trazida pelos portugueses misturou-se com o culto aos orixás-meninos (Ibejis ou Erês) da tradição africana yorubá. Cosme e Damião, os santos mabaças ou gêmeos, são tão populares quanto Santo Antônio e São João. São amplamente festejados na Bahia e no Rio de Janeiro, onde sua festa ganha a rua e adentra aos barracões de candomblé e terreiros de umbanda, no dia 27 de setembro, quando crianças saem aos bandos pedindo doces e esmolas em nome dos santos.
Uma característica marcante na Umbanda e no Candomblé, em relação às representações de Cosme e Damião, é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de até sete (7) anos de idade, sendo ele, segundo a crença, o protetor das crianças nessa faixa de idade. Nas festas de tradição afro, enquanto as crianças se deliciam com a iguaria consagrada, os adultos ficam em volta entoando cânticos (oríns) aos orixás.





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